sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Insegurança

Não gosto de silêncios. As palavras sossegam-me... Gosto quando me sussurras ao ouvido e quando me abraças, fazendo-me sentir que vai tudo correr bem... Que está tudo bem. Gosto de sentir nos teus beijos que é tudo muito certo e que estou onde deveria estar.
Mas... Não há nenhum poder na Terra capaz de esbater a fome insaciável do grande animal que é a nossa imaginação... E não há fome menos apaziguada que esta. Eu gosto de ter motivos para sonhar. Gosto de ter confiança e de me sentir segura quando estás ausente, para poder soltar a minha imaginação, sem medo da queda que os meus devaneios me possam provocar. Gosto de sonhar a noite inteira e de me prender a ti no escuro acolhedor do meu quarto e na anestesia da música... Não gosto de silêncios... Fazem-me divagar. Fazem-me insegura, logo fazem-me fugir. Será que já te apercebeste disso? Que eu fujo mais a cada instante em que te calas e que me reaproximo cada vez que sussurras... Não precisas de falar sempre, mas fala...
Reconforta-me. Dá-me segurança. Ampara e não me deixes cair.
Não fales demasiado, porque podes magoar os meus ouvidos... Conta-me piadas baixinho ao ouvido. Faz-me rir... Sussurra-me palavras de amor e de desejo... Não muitas, porque com muitas eu posso desaparecer. Canta-me baixinho com a tua respiração no meu pescoço. Dá-me música para os meus ouvidos... Não demasiada que me assusta. Abraça-me devagarinho com as tuas palavras, mas não apertes demasiado... Ou eu fujo.
Não te cales...
Fala...
Sussurra...
Cuidado.